Sonhos crescem voando, mas caem para ganhar vida...
Quando uma luz risca a paisagem da noite
Vemos a esperança revelando a sua forma
Estrelas se tornam cadentes
Por não aguentarem o peso de tanta fé
Quando as cortinas do céu se abrem
Qualquer loucura é perdoada
E nenhum desejo é proibido
Todas as vozes são ouvidas
Quando existe a comunhão
O Universo sempre conspira a favor
O que há para temer ou hesitar?
Livrar a alma das correntes é uma urgência!
Quando convicções se tornam duvidosas
Mudanças pedem passagem
O diferente passa a ser respeitado
Simplesmente por ser diferente
Quando a mente se delimita com estereótipos
Os olhos não conseguem enxergar
Solte-se... chacoalhe as ideias... liberte-se...
Afinal, a vida não pede movimento?
Quando a mesma coisa vira coisa nenhuma
É hora de se virar pra virar o jogo
Vire do avesso, vire ao contrário, vire a página
Vire a vida... só não vire as costas!
O INVERSO DO REVERSO
(um poema que pode ser lido de trás pra frente, ou melhor, de baixo pra cima!)
Amigo é coisa pra se guardar Do lado esquerdo do peito... (Canlção da América / Milton Nascimento) _____________________________________________________________________
Família Cominato...
Não são pessoas
Não são anjos
Não são daqui...
São Estrelas que aterrissaram
Para trazer algum conforto
Um cara simples, mas diferente. Diferentemente simples.
Fácil perceber que ele era mais do que eu.
Mais humilde. Mais compreensivo. Mais sábio. Mais feliz.
A amizade nasceu de forma instantânea (e espontânea).
Pedi carona para acompanhá-lo e fui aceito de braços abertos.
Juntos, navegamos por muitos mares.
Juntos, saqueamos muitas aventuras.
Pilhamos histórias e repartimos segredos.
Ele mostrou que os maiores tesouros não precisam ser enterrados.
(E me dei conta que os maiores tesouros são invisíveis)
Ele me ensinou a jogar xadrez.
(E percebi que no tabuleiro da vida sou como o "cavalo",
que não sabe andar em linha reta)
Ele perdoou os meus erros e confiou em mim.
(E tentei não decepcionar...)
Atravessamos águas calmas e noites estreladas, criando sonhos
e fantasiando a vida.
E quando eu achava que o céu iria me engolir, lá estava ele,
com a mão estendida para mais uma vez me trazer ao chão.
Risadas memoráveis...
Mas também atravessamos águas agitadas e tempestades escuras,
criando pesadelos e assombrando a vida.
E quando eu achava que o mar iria me engolir, lá estava ele,
com a mão estendida para mais uma vez me puxar pra cima.
Noites longas...
Em momento algum recolheu a mão.
Sempre cúmplice. Sempre leal.
Compartilhando gargalhadas e dividindo agonias.
(Mais gargalhadas, menos agonias!)
Assim foi. Assim é.
Virando cervejas e sacudindo a poeira.
(Mais cervejas, menos poeira!)
Assim será. Assim seremos.
Parceiro de bola.
Parceiro de truco.
Parceiro de Vida.
Por tudo. Por nada. Pelas palavras ditas e não ditas...
A madrugada estava clara.
A Lua iluminava o lugar como se estivesse procurando alguma coisa.
E aproveitei para subir as pedras.
Chegando no ponto mais alto, sentei para descansar com meus pensamentos.
Acendi um cigarro. Cheiro de fumaça. Sabor de fumaça.
E me atirei dentro dela.
Fiz muito barulho quando cutuquei as lembranças e acabei acordando a saudade.
Mas não importava.
Uma enorme vontade de não ter vontade de fazer nada...
Apenas minha boca, criando vida própria, desembestou a falar procurando
testemunhas para o seu desabafo.
O corpo continuava inerte.
Sabe, morrer de amor é muito doloroso.
Quando descobre que está contaminado já não há retrocesso. É letal!
Penetra em seus poros muito vagarosamente, até surgirem os primeiros calafrios.
Você começa a rir à toa, suspira a cada cinco minutos, fica distraído com as
coisas que passam à sua volta e se acha a pessoa mais sortuda do Universo.
Depois desses primeiros sintomas, o veneno continua te consumindo até chegar
ao cérebro... começa a ver as pessoas mais bonitas do que realmente são, abre
a janela e consegue ver o Sol cantarolando sem parar, olha para o espelho e vê
alguém mais feliz do que você mesmo.
Está praticamente liquidado, mas não para por aí.
O Amor continua te consumindo até chegar ao coração.
Depois dos primeiros calafrios seguidos de alucinações torpes, vem a execução.
O veneno finaliza com escárnio...
É como um raio iluminando a escuridão de uma tempestade.
Rápido e impiedoso.
Você não sabe, mas já está morto.
Pode até sentir o calor do Inferno te bronzeando.
Mas você não acredita.
Não acredita porque mesmo morto, ainda pode sentir dor, tristeza, saudade.
Mesmo morto, ainda consegue chorar e sentir as lágrimas que ardem.
Mesmo morto, você tem vontade de morrer!
Outro cigarro. Outro silêncio. Agora, sem devaneios.
Somente um silêncio sem fim.
Um silêncio muito longo.
De eternidade. De luto. Até mesmo ensurdecedor...
Foi quando o silêncio implorou para ser quebrado, fazendo o nada estremecer tudo.
Um vulcão de quietude entrando em erupção.
Incontrolável... Insuportável... Incandescente...
A Morte se contorcendo, querendo reverter o consumado.
Não deu para reter o grito.
E gritei... Alto. Demorado. Desesperado. Apaixonado...
Para soltar de vez toda a saudade que estava me preenchendo por inteiro.
Um grito dolorido e de paz. De orgulho e de paz.
Um grito de raiva, mas um grito de paz...
Que ecoou e pousou manso sobre o rio que deslizava lá embaixo.
Troquei a saudade por mim.
Troquei a Morte pelo Renascimento.
Ponho as mãos no peito e rasgo a minha camisa com força, desnudando o
coração contaminado.
É preciso extrair todo o pus, a secreção contida há muito tempo.
O coração, vencido, não mostra resistência.
O corpo vai se renovando a medida que a podridão fétida vai se esvaindo.
Preciso me sentir limpo.
Agora tenho pressa.
Desintoxicação...
Ei, estão me ouvindo? Estão me vendo?
Vocês estão presenciando um parto!
Estou nascendo de novo!
O vento se agitou, as árvores cochicharam entre si balançando de um
lado para o outro, a Lua ficou de boca aberta e as Estrelas piscaram
demonstrando aprovação.
Agora somos uma família!
Assim, um novo dia surgiu com uma nova vida.
Adeus, Mundo Velho!
Bom dia, Mundo Novo!
A partir de hoje, eu faço parte de você!
___________________________________________________________ by N.N.
Era uma vez, o fim de um relacionamento.
Quando o velho amor teimou em não me abandonar, permiti que me consumisse.
Só assim poderia renascer para uma vida nova e saudável.
Quando não conseguimos espantar a tristeza, é melhor aceitá-la para que
cumpra logo a sua jornada.
Assim, não damos chance para a tristeza retornar cobrando antigas pendências.
E quando ela vai embora, o coração sente o sopro da liberdade e volta a sorrir,
pulsando com mais força e determinação.
Nessa vida podemos morrer muitas vezes de formas diferentes.
Renovações que se desdobram como origamis.
Porém, qualquer que seja a Morte em questão,
iremos sempre renascer com mais vigor...
_______________________________________________________________ by N.N.
Apago a luz.
E deixo a Noite entrar.
Ela vem solitária, sem lua e sem estrelas...
Um cigarro ganha vida e uma brasa atrevida desafia a escuridão.
Por alguns minutos meu quarto se resume à um ponto luminoso.
Uma ferida aberta ou uma luz no fim do túnel?
O atrevimento morre no cinzeiro antes mesmo de saber a resposta.
A luz continua apagada.
E para não afugentar a Noite acendo uma vela.
O fogo me hipnotiza.
A chama chamando... a mente mentindo...
A dor dourando o dormitório.
O calor calando calafrios.
Um redemoinho de pensamentos gira sem parar...
Tragando tudo o que está ao seu alcance.
E entre um trago e outro vem a tontura (ou seria tortura?)
Uma sensação de embriaguez invade.
É inútil fechar os olhos para buscar alívio.
(A náusea não tem medo do escuro...)
É preciso vomitar, regurgitar, expelir, expulsar...
Mas não consigo... e tudo continua girando...
Parem o mundo que eu quero descer!!! (diria Raul Seixas)
O estômago embrulhado... (e o mal estar continua)
O peito embrulhado... (e o mal estar continua)
A cabeça embrulhada... (e o mal estar continua)
O corpo inteiro embrulhado...
Como uma caixa vestindo um papel de presente.
Já não sou mais eu...
Sou um pacote a ser entregue à mim mesmo sem direito à troca.
Rasgo o embrulho com uma certa ansiedade.
E quando abro a caixa, eu me vejo em pequenos pedaços.
Um quebra-cabeça bastante singular.
Peças que montam um grande espelho.
(Por que sempre recebo presentes tão estranhos?)
Porém, um quebra-cabeça também é uma forma de diversão.
Portanto, nada de ser tão rigoroso, nada de cobranças pesadas demais.
O sucesso se encontra justamente no próprio ato de brincar.
Leveza de espírito é o peso que faz a diferença.
Quando todas as peças se encaixarem, poderei me ver por inteiro.
Sorrir por inteiro... chorar por inteiro... sentir por inteiro...
Ser inteiro!
A vela dá o último suspiro e se despede.
Outro cigarro ganha vida.
Mais uma vez, um ponto luminoso desafia a escuridão.
Antes, uma ferida aberta.
Agora, uma luz no fim do túnel.
Amanhã, quem sabe, um pedacinho de Sol...
Quando me deito, o corpo se rende.
E quando fecho os olhos, cacos de espelho substituem o redemoinho.
Tudo continua girando, mas agora, com a suavidade de um carrossel.
E é nesse embalo que todos os meus pedaços
adormecem ao mesmo tempo...
____________________________________________________________ by N.N.
Um clima de sonolência no ar
Noite quieta e fria
Ela move a maçaneta e escancara a porta
O frio não espanta sua beleza
O vento chega sem cerimônia
Para abraçá-la como se fosse uma velha amiga
E ao mesmo tempo que seu rosto congela
Uma xícara de chá tenta aquecer seu coração
O céu é sempre convidativo
Para olhos que querem conversar
O frio que lava seu rosto e o aconchego da alma
Trazem para ela uma gostosa sensação
Só depois de terminar o chá
Que ela se deixa levar pela mansidão da noite
Deita seu corpo na maciez da realidade
E se cobre inteira com sonhos e sorrisos...
O mesmo céu aponta para outro lugar
Ele também olha para a noite
Com um aroma de café nas mãos
Que o vento ajuda a espalhar
Dizem que vive no mundo da lua
Talvez, logo ele acredite
Que lá, seja mesmo o seu lugar
As estrelas são eternas companheiras...
Se ela se conecta com Deus
Ele se conecta com o Universo
Se isso é a mesma coisa? Tanto faz...
Isso é algo que não faz a menor diferença
Só depois de terminar o café
Que ele se deixa levar pela mansidão da noite
Deita seu corpo na maciez da realidade
E se cobre inteiro com sonhos e sorrisos...
____________________________________________________________ by N.N.
E mesmo entre ebulições, queríamos ficar juntos.
Fomos mais longe do que o permitido.
Fomos além de todos os limites... e ainda insistimos.
Chegamos até a beira do abismo juntos.
E mesmo assim, não paramos...
Caímos... sangramos... e aos poucos, a vida foi nos levantando.
Porém, cada um subiu por um lado... e desde então, um precipício nos separa.
O tempo passa, mas de vez em quando voltamos à esse lugar.
Sentamos na borda, só para ouvir melhor o eco da saudade.
E sempre com a esperança de encontrar uma ponte.
Mas não para atravessar... apenas para nos abraçar no meio do caminho.
Olhar para baixo e sentir a vertigem de uma grande queda.
Olhar para cima e saber que tudo valeu a pena.
Olhar para frente e descobrir o sorriso do outro.
Juntos!
Um abraço apertado na dobra do abismo...
Talvez, nesse instante, os corpos flutuariam.
Carinhando a saudade num silêncio risonho.
Sentindo a paz envolvendo o proibido.
Desejando o bem com a mais pura sinceridade.
Talvez, nesse instante, os braços conseguiriam emendar o que foi rompido.
E então, por um instante, nada mais existiria...
Quando as emoções se manifestam em sua plenitude quase podemos tocá-las.
E depois, chegaria o momento da despedida.
Cada um seguindo para a sua metade.
Cada qual caminhando para o seu lado do abismo.
Mas não seria uma despedida triste.
Poderíamos nos encontrar no meio da ponte muitas e muitas vezes.
Seria a nossa ponte... o nosso ponto de encontro... o ponto de equilíbrio...
Uma despedida de bem querer, que se traduziria apenas com um...
Tchau, Coração!
(e um beijo carinhoso seria jogado ao vento...)
__________________________________________________________ by N.N.
Portas foram fechadas, outras foram abertas, destinos foram traçados.
Escolhas que nos levaram à partidas sem volta.
(Mas... a vida dá voltas e nos leva ao ponto de partida...)
Uma distância de tudo, de tempo e de espaço, de perdidos e achados.
Caminhos que nos levaram à estradas diferentes.
(Mas... a vida cruza as diferenças e nos leva ao mesmo lugar...)
Novos sorrisos lavaram cicatrizes.
Novas paisagens surgiram na janela.
Mesmo assim, velhas lembranças continuam respirando.
Pulsantes... acompanhando todos os ciclos de renovações...
Quantas horas tem um dia triste?
Quantas horas tem um dia feliz?
Quanto dura um minuto de saudade?
Quanto é preciso para uma lágrima de amor secar?
O Tempo somado à distância pode se transformar em silêncio.
Mas quando o silêncio é trazido por fios invisíveis nunca chega calado
Hoje, não sei dos meus passos... tampouco, sei dos seus...
A certeza é que nossas pegadas continuarão invisivelmente atadas.
Meu olhar vai longe e um sentimento escorre em meu rosto.
Sorrio... é apenas uma lágrima...
... que o Tempo nunca conseguiu secar...
____________________________________________________________ by N.N.
Desenhar uma bolha de sabão
Todos somos capazes, não é?
Passamos o lápis no papel
E na primeira metade
Pensamos apenas no círculo perfeito
O lápis continua seu caminho
E na segunda metade
Pensamos apenas no ponto de partida
Quando fim e início se emendam
Temos pronto o desenho do Amor
Amor é assim!
É como desenhar uma bolha de sabão!
Na primeira metade
Pensamos apenas num futuro coerente
Na segunda metade
O passado vai se tornando mais presente
Quando pensamos muito no começo
É porque estamos perto do fim
O círculo se completa
E temos pronto a nossa bolha de sabão
Flutuando graciosa como uma borboleta
Sorrimos, mesmo sabendo que,
Inevitavelmente,
ela se desfaz em pleno ar...
___________________________________________________________ by N.N.